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percepção ambiental e desenvolvimento urbano-ambiental
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quarta-feira, março 31, 2004

 

rebimboca da parafuseta é isso aqui ó:


Vamos falar de uma torre, cujo projeto deu tão errado que acabou dando certo. Isto para não discutir todas as implicâncias (com ou sem duplo sentido) arquitetônicas e urbanísticas que o projeto (projeto?) do Hans Donner não contempla (veja em http://gegeca.blogspot.com). Não só porque o cara é dizáiner, globelê, austríaco, carnavalesco e outras distinções, mas basicamente, porque ele acha que arquitetura é embalagem.



Um pouco de história: A questão não é esta, mas é preciso analisar: Por que a torre de Pisa é inclinada? Simplesmente porque foi construída sobre um terreno de argila e areia, que cedeu, recompactando mais de um lado do que de outro, em vez de sustentar a torre, transferindo cargas da base (fundação da torre) para terrenos com maior resistência de modo a anular as cargas de forma homogênea. Era só uma torre para o sino da catedral, mas o povo de Pisa quis aproveitar para mostrar ao mundo o poderio da sua cidade, lugar de navegantes conquistadores (Jerusalém, Cartago, Ibiza, Mallorca, África, Bélgica, Bretanha, Noruega, Espanha, Marrocos, entre outros lugares). Os únicos rivais de Pisa eram o povo de Florença, que se gabava da superioridade de sua arte construtiva. Então, o povo de Pisa resolveu mostrar para os florentinos e para o mundo o que eles eram capazes de fazer com uma mera torre lateral, anexo de uma catedral, fazendo conjunto com um cemitério e um batistério.

http://www.endex.com/gf/buildings/ltpisa/torrenight1.gif

Obras: A torre foi iniciada em 1173, e com apenas três andares erguidos, já foi notada uma ligeira inclinação devido ao afundamento do terreno (assentamento irregular das fundações). O encarregado do projeto, Bonnano Pisano, tentou compensar a inclinação construindo os demais cinco andares ligeiramente mais altos do lado em que a estrutura pendia para baixo, mas o excesso de peso só fez a torre afundar ainda mais! O vexame continuou por um bom tempo. A construção só foi terminar na segunda metade do século XIV e, ao longo dos séculos, foram feitas várias tentativas -praticamente inúteis- de aprumar a estrutura de oito andares. Já no século XX, a torre passou a se inclinar cerca de 1,2 milímetro por ano. Quando essa pendência em relação ao eixo chegou a 4,5 metros, em 1990, ela foi fechada ao público, sob risco de desmoronar. Desde então, várias propostas foram feitas para salvar a torre, até que uma delas, formulada por uma comissão de 14 especialistas, foi finalmente escolhida. Os trabalhos começaram em 1997. A proposta vencedora era simples e, ao mesmo tempo eficaz: tirar, aos poucos, terra do lado inclinado e reforçar a fundação com placas de chumbo para evitar qualquer perigo de desmoronamento enquanto o trabalho era realizado. Além disso, foi injetado cimento nos muros que circundam a torre. A obra consumiu 25 milhões de dólares e só terminou em junho de 2001, estabilizando a torre e reduzindo em 40 centímetros a sua inclinação. A torre foi reaberta ao público em 15 de dezembro do mesmo ano.

http://www.endex.com/gf/buildings/ltpisa/pisamiracolix.jpg

Final da história: Assim que o vexame começou a se configurar, ainda ao pé da obra em 1173, recomeçaram as guerras com Florença e as obras foram paralisadas. Em 1185, com o término dos três primeiros andares, as guerras recomeçaram e as obras pararam de novo. Assim a história seguia, enquanto a torre se inclinava. Surgiu a idéia de não ter mais sino na torre. Mas um torre de sino sem sino, ainda por cima inclinada, não seria ridículo? Em 1198 resolveram pôr um sino no terceiro andar da torre já famosa por sua inclinação. Mais umas guerrinhas com Florença, e as obras recomeçavam e paravam. Até que em 1284, depois de uma grande derrota de Pisa para a esquadra de Gênova, a comunidade decidu que não adiantava mais continuar a obra, porque ficou claro que Pisa não sabia fazer nem uma torrezinha sineira. Devido também à traição do conde Ugolino della Gherardesca (razão da derrota para Gênova), a comunidade de Pisa trancou a família do conde na torre e jogou as chaves no Rio Arno (a família morreu de fome na torre). Em 1319 terminaram as obras de todos os andares da torre e um sino foi colocado no topo em 1350. Justamente aí, Pisa foi -humilhantemente- vendida para Florença em 1392. A cidade se rebelou e se rendeu algumas vezes. Em 1499 recomeçaram as guerras contra Florença, que derrotou o povo de Pisa mais uma vez e transformou a torre em prisão para escravos revoltados. Pisa nunca recobrou sua importância, definindo-se como uma cidadezinha sem expressão na Itália. Exceto pela fantástica história da sua torre inclinada, que permanece como o maior orgulho da cidade.

http://www.endex.com/gf/buildings/ltpisa/ltphumor/ltpfall.jpg

Moral da história: Quando Giovanni da Simoni passou a ser o responsável técnico pela obra, de 1975 a 1284, a torre completou 48 metros, já com uma inclinação de mais de 90 cm, e os moradores de Pisa já nem ligavam mais para as gozações por não saberem construir nem uma torrezinha de cemitério (este sim cresceu bastante durante este tempo todo de guerras). O fato da torre não cair é que passou, então, a representar todas as esperanças da cidade. Ou seja, o orgulho da cidade passou a se centrar no fato da torre, cada vez mais inclinada, não cair nunca. A cidade passou a crescer em torno da torre que nunca caía, o que não deixa de ser uma função importantíssima para uma torrezinha mal construída: centrar o crescimento de uma cidade. Vejam nas fotos abaixo o crescimento norte da cidade vista do topo da torre em 1900 e em 2002.

http://www.endex.com/gf/buildings/ltpisa/ltpgallery/ltppix/ltpnorth1900bt5x.jpg http://www.endex.com/gf/buildings/ltpisa/ltpgallery/22nov02/lpt3117cxx.JPG

Uma observação sobre urbanismo: A gozação do povo de Florença explicava o fenômeno da torre, dizendo que como o povo de Pisa vivia caindo, devido à perspectiva da queda, eles viam a torre como estivesse ereta, perpendicular ao solo.

http://www.endex.com/gf/buildings/ltpisa/ltpnews/1999/barrypisa.gif

E daí? Oras... Quem é essa porcaria desse Hans Donner para querer fazer arquitetura conceitual? O cara não sabe nem fazer uma torre torta.

Vejam o post sobre isso no blog de bobagens: http://gegeca.blogspot.com
Vejam outras torres rebimbocolóidicas no blog do nedua: http://nedua.blogspot.com


fontes e maiores informações:
revista super interessante: http://super.abril.com.br/mundoestranho/edicoes/3/curiosidades/conteudo_mundo_30867.shtml
história da obra (em inglês): http://www.endex.com/gf/buildings/ltpisa/ltpinfo.htm
links sobre a torre: http://www.endex.com/gf/buildings/ltpisa/ltpweb.htm
fotos da torre: http://www.endex.com/gf/buildings/ltpisa/ltpgallery/ltpgallery.htm

sábado, março 27, 2004

 

Projeto vencedor do concurso para um novo camelódromo de Ipatinga

http://www.jornalvaledoaco.com.br/Images/20040327175717012208.jpg
Assim que a garotada que ganhou o concurso (Vinícius Ávila, Cláudio Pinheiro, João Deon, Thiago Salles e Shóstenes Queiroga, autores do projeto "Não barraca") me mandar o projeto, eu dou um jeito de postar alguns detalhes interessantes por aqui. Aliás, eu gostaria de postar e comentar detalhes dos 03 projetos finalistas (vencedores da primeira etapa do concurso) porque todos são muito bons.


Olha o projeto vencedor aí gente:


imagens


vista 1


vista 2


planta baixa


protótipo da não-barraca

memorial do projeto vencedor:

CAMELÓDROMO - PROBLEMAS, TECNOLOGIA...

Os camelôs estão cada vez mais fortes nos grandes centros
urbanos. É uma resposta ao problema social, o desemprego. É
uma economia que cresce movimentando muito dinheiro e de
extrema importância para a sociedade.

O Vale do aço é hoje uma cornubação dinâmica, de uma
população participativa e atuante, com grande diversidade de
organizações sociais em cooperativas, associações
comunitárias, ong´s ligadas a movimentos culturais e
assistenciais.

As três cidades possuem uma rede comercial forte e
atuante, além de um grande mercado que sobrevive graças à
economia informal. Diante do exposto, entendemos que os
camelôs refletem grande importância para toda sociedade do
Vale do Aço.

A localização dos camelôs no Vale do Aço são em áreas nobres.
Trechos das cidades, de grande valor comercial e também
cultural e ali se confluem diversos e importantes fluxos:
Intenso fluxo de ônibus, carros, cidadões, turistas etc. Essa
localização dos camelôs se deve a procura de locais
movimentados como nos centros. É a apropriação de áreas onde
deveria ser para uso da sociedade como praças, calçadas,
alamedas etc.

Os locais são altamente contaminados pelos mais
diferentes usos com isso os moradores da região central,
estudantes, metalúrgicos, consumidores, enfim, um grande
número de pessoas percorrem um local rico e instigante pela
sua diversidade e compram os inúmeros produtos que estão à
venda.

Outro aspecto a lembrar é que os extremos da área dos
camelôs são pontos problemáticos, com grande incidência de
roubos, prostituição e drogas. Isso acontece fora do
expediente, à noite e essas pessoas que tomam atitudes fora
da lei ultilizam os espaços dos camelôs para outras
finalidades dificultando o trabalho de policiais com relação
a segurança nos centros das cidades.

A idéia para o projeto

Diante das questões levantadas anteriormente, a idéia
que balisou nossas propostas foi ir além da simples
construção de um espaço para o camelódromo, mas propor um
espaço que se torne um ponto de referência, indo de encontro
ao Projeto do Novo Centro e á disposição do Município em
alavancar a economia. Um local que se torne uma atração
turística com espaços para as manifestações artísticas
regionais, que se torne ponto de venda de alguns produtos
fabricados na região , desde artesanato até produtos
fabricados por cooperativas. Um espaço que ofereça condições
mínimas de conforto e lazer, um ponto de encontro dos
turistas e dos moradores com a cidade.

Para atender à estas questões decidimos
potencializar os pontos positivos do camelódromo, eliminando
ainda mais as barreiras aumentando a proximidade e a
tatibilidade com os produtos. Decidimos criar um espaço mais
atrativo, iluminado e arejado propondo ainda outros usos
para o espaço.

A idéia é que o local funcionasse como uma incubadora de
negócios, um espaço em que o associado pudesse começar seu
negócio através de empréstimos e convênios com instituições
apropriadas, recebesse asessoria especializada em gestão de
negócios e pudesse crescer ali dentro, uma espécie de mudança
de nível, de acordo com o resultado de sua gestão ao longo do
tempo e depois estaria apto a abrir um negócio formal, teria
estrutura financeira e administrativa, cedendo sua vaga a
outra pessoa e assim sucessivamente. Para implementar tais
idéias o espaço e o sistema de barracas teriam de ser
flexíveis, de forma a permitir as mudanças.

Outra idéia para os associados avaliarem seria propor
a formação de parcerias com artistas e movimentos culturais
populares, de forma a ter sempre uma atração turística que
estaria trazendo mais clientes para os associados.

Problemas dos camelôs atualmente:
Segurança noturna comprometida pelo labirinto das barracas
Desconforto térmico e visual
Falta de espaço
Fluxos pela área

Uma nova concepção para o uso do espaço

A tatibilidade elevada ao extremo

A busca da eliminação total de barreiras entre consumidor e
produtos

Liberação total do espaço:
- Facilidade para manter a segurança noturna,
- Possibilidade de apropriação do espaço por outras
organizações;
- Ligação espacial de toda a área:
Camelódromo,estacionamento,
avenida e praça da biblia, possibilitando acontecimento de
eventos de maior porte.

Espaço que estimula a pessoa a andar, a buscar novos
produtos.

O fluxo variado com possibilidade de passar dentro das "não
barracas"

Facilidade para junção de duas ou mais "não barracas"

Espaço que por si só é atrativo, possibilitando constantes
mudanças mantendo-se sempre novo.

O funcionamento é simples:

Para possibilitar caminhar entre produtos e não entre
barracas e ainda liberar totalmente o espaço após o uso,
fixamos as vedações no teto e criamos um sistema que eleva
também os produtos ao final do expediente.

O funcionamento se dá atravéz do uso de cabos, roldanas e
contra-peso.

Como o conjunto fechado fica a três metros de altura, a
vedação pode ser uma estrutura muito leve, uma simples tela
soldada. A "não barraca" é simplesmente uma estrutura de
cabos, onde seriam fixadas prateleiras ou outros acessórios
apropriados para exposições de acordo com cada produto. O
peso final do conjunto, incluindo o peso dos produtos fica
inferior ao peso de uma laje para uma mesma área. O
comerciante teria não apenas uma plenta livre, mas todo o
espaço livre, podendo fazer o uso que quiser, inclusive
liberaro espaço para passagem de consumidores dentro da área.

Grupo:Thiago Salles, Vinícus Ávila, João deon, Claudio
Pinheiro e Sóhstenes Keiroga

fonte e maiores informações:
http://www.ipatinga.mg.gov.br/not_vis.asp?cd=2886
http://www.jornalvaledoaco.com.br/ -> procurar o caderno regional na edição do dia 28Mar2004

segunda-feira, março 15, 2004

 

Abrigo de ponto de ônibus regulável em Santana do Paraíso-MG

Mais um destaque para a simplicidade da engenhosidade no interior. Este tipo de projeto mostra que, apesar de mobiliário urbano ser um negócio altamente complicado, não é preciso estudar muito para ser bem sucedido, mas com certeza é preciso prestar muita atenção em alguns detalhezinhos específicos. Este abrigo fica ao lado de um abrigo de ponto de ônibus, daqueles pré-moldados em concreto, que para variar está todo alquebrado (fica atrás do carro). Parece que foi um armazém-barzinho que fica por ali (à esquerda da foto), que resolveu fazer um abrigo decente bem em frente da loja deles, com dois esteios lavrados na machadinha e uma cobertura em bambu (uma armação tipo bacalhau com duas fiadas de bambu) que pivota em um eixo horizontal. Notem as duas correntinhas de regulagem da inclinação da cobertura, utilizada pelos próprios usuários para adequar a sombra à insolação. Ao longo do dia, a inclinação muda para frente e para trás. O projeto é tão simples quanto a execução, e a manutenção é feita pela tal lojinha, certamente interessada em agradar os transeuntes do local, que tanto na ida para o trabalho quanto na volta para casa, podem resolver dar uma passadinha no armazém-barzinho, para consumir uns birinaites com petiscos grelhados, ou comprar um breguetes para a casa.

link para a imagem:http://www.nrg.to/gegeca/AbrigoRegulavelSantanaParaiso-horiz-reduz.JPG

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